Caros Leitores;
Imagem: Freepik/rawpixel.com)
Neste sábado (3), aconteceu o ViralCure Festival em Piracicaba, na
antiga Usina açucareira de Monte Alegre. O evento foi promovido pela Sthorm,
uma empresa DeSci (Decentralized Science), que tem o objetivo de ser um
ecossistema voltado à descentralização da ciência por meio de blockchain e Web3.
O ecossistema da Sthorm é composto por várias iniciativas como o
ViralCure, Artbit, Goodnoise, Theos, Mabloc, Planetary X, Cry.me, Rebelx e
Paradox1.
A proposta dos fundadores da Sthorm, Pablo Lobo e Mariano Boris, é
promover uma colaboração descentralizada entre pesquisadores pelo mundo através
de uma “Open Science”, uma referência à ferramentas open sources.
O evento marcou o lançamento da plataforma ViralCure, a
plataforma na Web3 para alcançar essa
colaboração entre cientistas e colaboradores.
Matt Sorum, ex-baterista do Guns N’Roses participa da iniciativa
com sua marca “Good Noise” e
estava presente na celebração, onde realizou um show exclusivo ao lado de Gilby
Clarke (Ex-Guns N’ Roses e Slash’s Snakepit), Billy Gibbons (ZZ Top) e
Sebastian Bach (Skid Row).
No evento, diversos painéis discutirem sobre papel do blockchain na
ciência, e contaram com grandes nomes como Bob Richards, fundador da
Singularity University, International Space University, SEDS, Space Generation
Foundation e Odyssey Moon.
Richards trabalhou ao lado de Carl Sagan e se tornou um
evangelista do movimento “NewSpace”, um catalisador para vários negócios
espaciais.
Prof. Dr. Esper Kallás, titular do Departamento de Moléstias
Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP), David Watkins, professor de patologia na Universidade George
Washington e Michael Ricciardi, Diretor Associado de Pesquisa Translacional na
mesma universidade.
No painel do “novo capitalismo”, o evento contou com a presença
de Marcelo Bechara, Diretor de Relações Governamentais da Globo, Alex
Nascimento, Professor de Blockchain & STOs na universidade americana UCLA
e Gilberto Fischel, CEO da MundusDAO.
A plataforma da ViralCure já conta com um marketplace de NFTs para
arrecadação de fundos e artistas de grande porte estão entre as obras leiloadas.
Estes artistas também compareceram ao evento, entre eles a
artista e fundadora da Eve.nft, Livia Elektra, Rodrigo Loli, ambos da Casa NFT
e Thiago Gomes, Head de Marketing da Sthorm.
Ciência para todos
Pablo Lobo conta que com 10 anos, seu filho, Theo, teve uma
doença grave chamada encefalite herpética. Trata-se de uma infecção no cérebro
causada pelo vírus herpes simples.
Conforme conta em entrevista para o UOL, ele tinha um ano e oito
meses de idade e começou a perder o controle motor. Foi submetido a um
tratamento no cérebro para controle da infecção, perdeu 86% do lobo temporal
direito, sofreu sequelas e teve que reaprender a falar e a andar.
Ficou sete meses internado em hospitais. Nesse período, conheceu
Esper Kallás, médico infectologista e um dos principais responsáveis pelo
enfrentamento da doença no Hospital das Clínicas, que cuidou de Theo.
“Ficamos muito amigos, tanto que, quando meu filho teve alta,
Esper devolveu todos os cheques de pagamento num envelope. Nunca os depositou
porque viu as dificuldades que eu enfrentei para bancar o tratamento
caríssimo”, diz.
Foi assim que, no início de março do ano passado, quando os
casos de covid-19 começaram a se espalhar pelo Brasil, Esper ligou para Lobo.
“Ele me perguntou: ‘Pablo, você tem como pedir doações para o
HC? Somos a base da saúde pública do país e, sem ajuda, vamos colapsar’. Eu
respondi: ‘Cara, vamos criar uma plataforma de doação direta para o hospital’.”
Foi quando surgiu a campanha #HCCOMVIDA, que, por meio da
plataforma ViralCure, arrecadou mais de R$ 31 milhões para abertura de novos
leitos, contratação de profissionais de saúde, compra de respiradores,
ambulâncias e equipamentos de proteção individual, além de financiar pesquisas
na luta contra a covid-19.
Em outra oportunidade, durante a pandemia, a ViralCure auxiliou
a Mabloc, uma startup independente de biotecnologia, liderada por cientistas
brasileiros e norte-americanos, a arrecadar mais de R$ 65 milhões para
desenvolver tratamentos pioneiros e acessíveis que podem evitar futuras
endemias e pandemias.
O Crypto Times, em
conjunto com o Cointelegraph, conversou
com Mariano Boris, um dos
fundadores da empresa Sthorm, e sócio de Pablo Lobo,
para entender mais sobre a proposta do projeto:
Crypto Times – Como surgiu a ideia do ViralCure?
Em 2017, fomos para Davos no fórum econômico mundial, na Suíça,
onde juntam-se toda a galera poderosa e milionária. Fomos convidados para
falarmos sobre esse projeto no Global Blockchain Digital Council (GBDC).
Foi meio estranho falar sobre descentralização e democratização
em um lugar com tanta concentração de poder e capital. Era algo que não tinha
tanto sentido.
Para falar a verdade, sempre nos sentimos incomodados com a
cultura cripto, que sempre fala de um token que vai para a lua e deixar todos
ricos. Isso é besteira.
Nós viemos de um outro background. Muito dos anos 90, com Mark
Fischer e Nic Land, com o aceleracionismo e essa ideia de que a tecnologia tem
uma capacidade verdadeira de mudança social.
Então, nós levantamos uma bandeira em Davos de que o blockchain
não bastava. Blockchain não vai mudar nada, não vai ser a tecnologia.
Todos falam sobre o “hype” do blockchain, mas acredito que é
porque não investiram tempo suficiente para estudar que é apenas uma tecnologia
de transparência e rastreabilidade, nada mais que isso.
A pergunta é: como vamos usar essa tecnologia para uma mudança
social e de governança verdadeira? Fomos com essa mensagem, um pouco de
conscientização social dentro do mundo do blockchain.
Fora do mundo do blockchain podemos brigar com todos sobre
centralização, e disrupção, mas dentro do mundo blockchain brigamos também com
toda essa galera “Cryptobro”.
A primeira ideia do ViralCure é encontrar um caso de uso real em
uma tecnologia que possibilita acesso descentralizado à participação de
governança e propriedade de coisas como patentes, ou participação de
financiamento científico.
Queremos que tenha sentido, hoje em dia todos colocam token para
qualquer coisa. Não sei se tudo precisa de blockchain todo o dia. Acredito que
deveríamos ser mais conscientes sobre como podemos usar essa tecnologia.
Já faz mais de 15 anos que trabalho com Pablo, e mais de 10 anos
que estamos financiando uma empresa de Biotech, a Mabloc, e mais de 5 anos que
esperamos o melhor momento para lançar [o token da DAO].
No meio do inverno cripto, é muito melhor mover um projeto
adiante. Afasta as pessoas que vão comprar um token só por achar que vai
valorizar. Não é esse o objetivo final. O objetivo vai ser compartilhar
governança e o acesso a financiamento à ciência.
Humildemente acredito que é isso que pode ser o ponto mais forte
em todo esse ecossistema que não é só o ViralCure, mas muitos outros projetos
dentro da Shtorm.
Cointelegraph – Existem outros projetos que pensam dessa
maneira?
Há um ano atrás, o conceito de DeSci não existia. Atualmente, basta pesquisar
um pouco na internet e você vai ver que DeSci é uma das “hashtags” que mais tem
atividade. Existem alguns projetos em Berlim e Estados Unidos. Está começando a
surgir.
Acredito que a maioria dos iniciantes nesse mercado tem um pouco
mais dessa ideologia para si. Antes não era algo tão “vamos ficar ricos”, nós
acreditávamos de verdade que haveria uma mudança na forma de governança e
acumulação de poder e capital.
A coisa mudou muito, mas acredito que vai voltar ao que era
antes, muitos dos quem eu falo no mercado já possuem essa ideologia, e essa
mudança vai fazer com que mais pessoas vejam esse sentido.
Vejo muita gente dentro de cripto e blockchain que não tem essa
mentalidade, que não acredita que comprar uma fotinha de um macaco entediado
seja tão legal assim e está esperando para ver se essa tecnologia vai ter algo
de verdade para oferecer à sociedade.
A minha hipótese é que, se você entende cripto como uma revolução
financeira, você está entendendo errado.
Quando você lê o primeiro whitepaper, escrito por Satoshi Nakamoto, é possível
observar uma sobreposição de um ativo financeiro e de governança ao mesmo tempo.
O Século 21 vai nos mostrar que a governança e o dinheiro tem
mais relação do que acreditamos. Quem vocês acham que governa o Brasil? O
presidente, os milionários? Tem muitos poderes por trás
Temos a ilusão de que estamos escolhendo [na democracia] mas não
estamos. Quem escolhe se um medicamento vai adiante, e receber financiamento,
não é a população que vai se beneficiar disso. É a “mão invisível do mercado.”
Tem muita gente em cripto que acha que o mercado vai regular
tudo, e não vai regular nunca. Vai acabar na mão de quatro loucos por aí.
Crypto Times – como será feito a governança na plataforma do
ViralCure?
Na plataforma estamos tentando implementar algo que poucos projetos colocam
esforçam que é fugir da governança típica de cripto. Afinal, como é feita a
governança típica em cripto? Um token, um voto.
A pessoa que tem um milhão de tokens, tem um milhão de votos.
Isso é a mesma m..que queremos fugir. A governança descentralizada acaba
ficando centralizada, porque está na mão de quem tem poder monetário. Não faz
sentido.
Estamos tentando experimentar o “Quadratic voting” e até NFTs
como forma de governança. Pode ser que alguém que participa muito, e é ativo na
comunidade, tem um NFT em que seu voto é x20. Pode ser que seja um NFT
representando um cientista da plataforma.
Eu acho uma ideia muito infantil a de que se a governança em
cripto é descentralizada, todos podem opinar sobre tudo. Uma coisa tão delicada
como ciência.
Assim como acredito que o mercado não deveria ser um fator de
decisão, a ciência não deveria ser tão socializada democraticamente a ponto de
todos poderem opinar se eu posso operar a sua filha ou não.
É necessário ter opiniões mais qualificadas. Eu acho que o mundo
cripto precisa evoluir em uma governança um pouco mais sofisticada, e entender
que não deve ser algo simples como dividir todas as decisões, mas buscar saber
quais devem ser descentralizadas e porque.
Crypto Times – quem é o público-alvo da ViralCure?
Vou problematizar um pouco essa pergunta. Nós fizemos um
trabalho muito legal na pandemia com o Hospital das Clínicas em São Paulo.
Arrecadamos bastante dinheiro para o Hospital, não ficamos com nada.
Mas eu tenho uma crítica em relação a isso. De todo esse
dinheiro que juntamos, 85% foi doado por cinco pessoas.
É muito legal juntar todo esse dinheiro, mas se a visão
verdadeira é fazer uma ferramenta de crowdfunding para que a sociedade
empoderada financeiramente tome decisões de o que financiar e o que não
financiar, então não tivemos êxito.
É necessário ter opiniões mais qualificadas. Eu acho que o mundo
cripto precisa evoluir em uma governança um pouco mais sofisticada, e entender
que não deve ser algo simples como dividir todas as decisões, mas buscar saber
quais devem ser descentralizadas e porque.
Crypto Times – quem é o público-alvo da ViralCure?
Vou problematizar um pouco essa pergunta. Nós fizemos um
trabalho muito legal na pandemia com o Hospital das Clínicas em São Paulo.
Arrecadamos bastante dinheiro para o Hospital, não ficamos com nada.
Mas eu tenho uma crítica em relação a isso. De todo esse
dinheiro que juntamos, 85% foi doado por cinco pessoas.
É muito legal juntar todo esse dinheiro, mas se a visão
verdadeira é fazer uma ferramenta de crowdfunding para que a sociedade
empoderada financeiramente tome decisões de o que financiar e o que não
financiar, então não tivemos êxito.
Fonte: Money Times / Por Por Leonardo Rubinstein Cavalcanti / 05/09/2022
https://www.moneytimes.com.br/blockchain-nao-vai-mudar-nada-nao-vai-ser-a-tecnologia-plataforma-desci-quer-mudar-o-mundo/
Obrigado pela sua visita e volte sempre!
Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos de Economia, Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia). Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas”
e "Moderno Dicionário de Economia".
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Page: http://pesqciencias.blogspot.com.br
Page: http://livroseducacionais.blogspot.com.br
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